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Cozinha boa tem ritmo, calor e até pressão, mas não pode ter humilhação. Porém, em muitos locais atitudes ruins são normalizadas e passam do ponto. Gritos, ironias, “pegadinhas” com novatos, punições públicas não são considerados normais, mas, sim assédio moral no trabalho. O assédio, por sua vez, corrói a saúde de quem trabalha, o clima do time e os resultados do negócio.

Este guia foi pensado para gestores e líderes de food service que desejam zerar a tolerância a abusos e construir ambientes produtivos, respeitosos e seguros aos funcionários. Hoje você vai aprender o que é assédio moral, exemplos práticos do dia a dia, como agir diante de suspeitas e quais políticas colocar de pé para prevenir que ele ocorra novamente.

O que é assédio moral no trabalho

Antes de mais nada, precisamos entender que assédio moral é crime! Toda conduta abusiva e repetida que atinge a dignidade do trabalhador, degrada o ambiente e causa danos físicos ou psicológicos ao funcionário.

No restaurante, aparece de diversas formas, como humilhar alguém na frente da equipe, sobrecarregar um funcionário de propósito, espalhar boatos, boicotar folgas ou ignorar sistematicamente uma pessoa nas escalas.

Assédio moral não se confunde com assédio sexual (condutas de conotação sexual) nem com conflitos pontuais, feedback firme ou cobrança por desempenho com respeito e proporcionalidade.

O que separa uma gestão exigente do assédio é a maneira que isso é colocado. Se for com respeito, clareza e foco no trabalho, não na pessoa, não é assédio moral.

A seguir, vamos ver exemplos de assédio moral. 

Tipos de assédio moral no ambiente de trabalho

Vale entender por onde o problema costuma aparecer na cozinha. Afinal, há vários tipos de assédio moral no trabalho. O assédio pode vir de cima para baixo (chef ou gestor para subordinado), de baixo para cima (time contra liderança), entre colegas no mesmo nível e, às vezes, nascer de práticas da própria empresa.

Em comum, mas há padrões. Condutas repetidas que humilham, isolam, desqualificam ou sobrecarregam alguém e minam a dignidade no trabalho daquela pessoa.

Fique de olho nestas situações específicas que podem acontecer no dia a dia: 

  • Metas inatingíveis direcionadas a uma única pessoa;
  • Escala punitiva;
  • Retirada de pausas;
  • Exposição de “erros” diante de clientes;
  • Apelidos pejorativos;
  • Boicote silencioso (não repassar comandas, sonegar informação);
  • Mensagens fora de horário cobrando tarefas;
  • “Brincadeiras” que viram humilhação;
  • Queda de desempenho sem causa técnica;
  • Aumento de atestados;
  • Pedidos de mudança de posto ou área;
  • Rotatividade alta no mesmo setor.

Avalie se há repetição ou se a cobrança está desproporcional para intervir, e entenda mais sobre cada tipo de assédio moral que pode acontecer no seu estabelecimento.

Assédio vertical descendente (de chefes para subordinados)

Esse tipo de assédio acontece quando a liderança (ou alguém da própria equipe) humilha, ameaça ou isola alguém como uma forma de exemplo para o restante do time. Um exemplo é designar um cozinheiro para fazer certas atividades mais exaustivas, gritar nomes pejorativos, negar pausas de água ou banheiro como forma de punição.

Assédio vertical ascendente (de subordinados para líderes)

Mais raro, mas existe. É aquela equipe que boicota um líder novo, oculta informações, espalha fofocas para minar a autoridade dele ou desobedece, deliberadamente, ordens de segurança alimentar para expor a chefia ao erro.

Assédio horizontal (entre colegas)

Colegas que ridicularizam sotaque, corpo ou religião, escondem utensílios para sabotar outro, ou praticam trotes que colocam alguém em risco, como óleo mais quente, ingredientes trocados etc. Lembre-se: brincadeira que machuca é assédio.

Assédio institucional (práticas recorrentes da empresa)

Acontece quando a própria rotina incentivao abuso com metas impraticáveis, gritos como ferramenta de gestão, quadros com pior da semana, punições coletivas e escalas que sempre prejudicam as mesmas pessoas. 

Exemplos de assédio moral no food service

Para te ajudar a identificar, pontuamos situações típicas que configuram assédio moral no trabalho e que você precisa eliminar da operação o mais rápido possível:

  • Gritos, xingamentos e constrangimentos públicos;
  • Expor erros em grupos de mensagem com sarcasmo, apelidos ou imagens vexatórias;
  • Sobrecarga proposital, como colocar um único funcionário em dois setores em horário de pico, sem apoio, apenas “para aprender”;
  • Isolamento, ou seja, tirar alguém de todas as comunicações ou reuniões, negar troca de turnos de forma sistemática e sem critério;
  • Ameaças constantes de demissão por motivos banais;
  • Trocas de folga e férias usadas como retaliação;
  • Piadas com raça, gênero, aparência, idade ou crença.
Três colaboradores discutindo em ambiente de trabalho. A situação parece difícil

Se a conduta é repetida, tem alvo, causa constrangimento e degrada o clima do ambiente, você está diante de assédio moral. E, se não agir, você pode inclusive ser processado por isso por um funcionário.

O que caracteriza assédio moral e quando ele é configurado por lei

Na prática trabalhista, assédio moral envolve frequência e repetição ou gravidade relevante, intenção de humilhar ou isolar alguém e impacto no ambiente e na saúde de quem trabalha.

Essas condutas podem gerar dever de indenizar por dano moral, medidas disciplinares e até rescisão indireta do contrato, quando o empregado pede para sair com os mesmos direitos de demissão sem justa causa, por culpa do empregador.

Mas, afinal, assédio moral é crime? No setor privado, não há um crime único chamado assédio moral, mas sua prática pode ser punida através dos fundamentos na Constituição Federal, no Código Civil, no Código Penal, e na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Algumas condutas podem se encaixar em tipos já existentes, como os crimes de injúria, ameaça e constrangimento ilegal, por exemplo, e podem gerar responsabilidades civil e trabalhista. Fique atento, pois há várias formas de encaixar o assédio moral na lei.

Como provar assédio moral e o que fazer em caso de suspeita

O assédio moral no trabalho precisa sair do terreno dos boatos e entrar no dos fatos. Defina um protocolo claro para acolher a vítima e apurar com seriedade. Veja algumas dicas do que fazer para colaborar com possíveis casos de assédio moral.

Reunir evidências e testemunhos

Oriente a pessoa a registrar datas, horários e locais, e também guardar mensagens, e-mails, áudios, fotos do quadro de escalas e qualquer prova do padrão de abuso. Testemunhas podem reforçar a consistência do relato. Em caso de adoecimento mental, laudos e atestados médicos demonstram a relação com o trabalho.

Relatar à liderança ou RH

Canais internos devem existir e, principalmente, funcionar. Crie um e-mail dedicado, formulário anônimo, ouvidoria ou outro meio de comunicação que o seu funcionário possa fazer essa denúncia sem riscos.

Defina prazos de resposta, confidencialidade, promessa de não retaliação e fluxos claros de apuração. Afaste preventivamente o agressor quando houver risco de continuidade do dano. Para isso, formalize cada etapa e documente as decisões. 

Buscar canais externos de denúncia (MPT, sindicatos)

Se a empresa não agir, a pessoa pode procurar o Ministério Público do Trabalho, sindicatos, Defensoria Pública ou advogado de confiança. A empresa, por sua vez, deve cooperar com órgãos de fiscalização e cumprir eventuais recomendações.

Boas práticas para prevenir o assédio moral nas cozinhas profissionais

Prevenção é política, processo e exemplo diário, por isso não deve ficar só no discurso. Anote aí algumas dicas para prevenir o assédio moral na sua cozinha.

Política de tolerância zero

Redija normas objetivas, com exemplos muito claros do que é proibido, as consequências para quem descumprir e os canais de denúncia para quem precisar. Divulgue na integração, no mural e nos grupos internos. Reforce de tempos em tempos.

Treinamento e cultura de respeito

Forme líderes para dar feedbacks firmes com respeito, que estejam preparados para mediar conflitos e reconhecer comportamentos positivos. Simule situações do dia a dia da cozinha.

Canais seguros e ativos

Garanta anonimato, rapidez de resposta e proteção contra retaliação. Monitore indicadores, como turnover por área, faltas frequentes e queixas recorrentes, e aja cedo.

Rotina que reforça respeito

A rotina precisa contar com pausas combinadas, escala justa, comunicação clara, linguagem profissional, metas realistas e pequenas cerimônias de reconhecimento.

Alinhamento com Fair Kitchens

Adote princípios das Fair Kitchens como Falar Abertamente, Agir como Um e Dizer “Bom Trabalho”, para que o respeito esteja embutido na operação.

Combata o assédio moral no seu estabelecimento

Zerar o assédio moral no trabalho é decisão estratégica. Cozinhas seguras retêm talentos, reduzem custos invisíveis, têm um bom ambiente de trabalho e entregam melhor experiência ao cliente.

Comece pelo básico, com política clara, liderança preparada, canais que funcionam e ação rápida diante de qualquer denúncia. Nunca minimize uma denúncia, investigue-a, afinal, Cultura se constrói em cada turno.

Se você ainda não tem um plano, escreva hoje mesmo os primeiros passos, comunique ao time e siga acompanhando. Respeito é um pré-requisito de um food service saudável e lucrativo.

Separamos um conteúdo completo com 6 maneiras de manter sua equipe motivada para que todos convivam bem e, como consequência, proporcionem uma boa experiência gastronômica aos clientes. Até a próxima! 

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